A tristeza, a incompreensão e o julgamento.

Parece título de fábula, e antes fosse. O blog sempre foi usado para que eu pudesse contar pra vocês coisas do meu cotidiano, e há alguns dias venho pensando se falava a respeito ou não... Mas, como jornalista, a liberdade de expressão, e a tristeza que afetou meu coração não me deixaram ficar quieta e guardar meus sentimentos no meu coração.

Eu vivo numa cidade do Sul do Rio de Janeiro, chamada Volta Redonda. Sou católica, e respeito a crença de todos, pois qualquer religião ou seita que propague o bem merece isso, independente de crermos no mesmo Deus.

Dia 14 de março mataram um jovem, ex-seminarista, 26 anos, e um padre, 32 anos, em minha cidade. O ex-seminarista (Epaminondas) eu não conheci. Já o padre Dejair, eu pude assistir a dezenas de Missas com ele. Posso dizer do que sentia: a cada término de Missa, eu saía em paz e muito feliz da Igreja, como deve ser (mas as vezes não é...), pois ele tinha palavras de carinho, fazia Missa para as crianças e eu sentia realmente a presença de Deus quando ele falava.

Os assassinos, dois jovens de 19 anos, renderam as vítimas num bairro onde o padre celebrava, levaram eles de carro até a casa do padre, quebraram tudo, amordaçaram um seminarista que também morava lá (que não foi morto), colocaram eles de volta no carro, deram 6 tiros na cabeça do ex-seminarista e 2 no padre. Abandonaram o carro em uma via deserta e fugiram. Cerca de 5 dias depois, foram presos. E aí começa toda a confusão. Ao serem perguntados sobre porque mataram, disseram que foi porque o padre e o ex-seminarista eram gays, e eles tinham feito um programa com eles (na verdade, um dos assassinos disse que não houve programa nenhum, o outro afirma que houve), e depois q descobriram que eles eram religiosos, resolveram matar, “porque era um absurdo isso”. Cheiraram cocaína e depois mataram.

Então, é nessa hora que eu resolvi falar. Eu sinceramente não acredito nisso. O PE. Dejair estava fazendo um trabalho de investigação de grupos de extermínio, era da Pastoral pela PAZ, trabalhava com detentos. Mas, algumas pessoas que se dizem cristãs condenam, e se envergonham do que se está sendo falado. Eu não me envergonho, mesmo que tudo seja verdade (já disse que não acredito). Não me envergonho porque não mataria um homossexual. Isso é desculpa??? Matar porque é gay? A sociedade aceita isso? Não devemos amar o próximo? E envergonhar-se de que? Se era uma pessoa que fazia o bem, que levava paz a todos, que visitava os idosos, acolhia as crianças... Não podemos ser hipócritas. Deus sempre pregou o amor a todos.

Vou terminar aqui, só queria desabafar. E deixo vocês com o que o Padre Dejair sempre dizia no fim de suas Missas: “Dizei a todos que o Senhor é bom!”